terça-feira, 20 de abril de 2010

Aprendendo a ser padre

Ser padre é também saber sofrer os reveses da vida. Eu estava nos primeiros meses da minha vida como sacerdote, residia na minha terra natal, sede da diocese. Trazia o coração cheio de alegria pelo cumprimento das promessas de Deus, que me convidou para segui-Lo. Em minha mente, os conceitos aprendidos na Teologia estavam vívidos e bem definidos, eu era professor no seminário diocesano e embora não tivesse ainda assumido trabalhos paroquiais, sentia-me capaz de 'transformar' o mundo através do exercício do ministério.
Fui chamado a um hospital para visitar uma jovem mãe que havia dado à luz no dia anterior. Entusiasmado, preparei-me também para visitar outros que porventura precisassem. Depois de abençoar mãe e filho recém-nascido, comecei a visitar os enfermos naquele hospital. Uma jovem veio ao meu encontro, ofegante, pediu que eu fosse dizer umas palavras à sua mãe. “O médico nos disse que fez tudo o que era possível por ela”, afirmou a jovem. Tratava-se de uma idosa com câncer em estado terminal. Não imaginava que meu encontro com aquela enferma pudesse ser, para mim, uma das mais importantes lições que aprenderia depois das aulas de Teologia, encerradas havia pouco tempo.
- "Sua bênção, senhor padre!", assim me disse aquela senhora de olhos fundos, pele pálida e rosto maltratado pela enfermidade. Sempre fiquei impressionado com o câncer, este mal corrói a pessoa de dentro para fora e o seu tratamento clínico faz o mesmo, de fora para dentro. Imaginei que o Senhor me conduzira até ali para dar um grande apoio àquela senhora. Após a santa confissão e durante a santa unção percebi seus olhos lacrimejarem. Também fiquei comovido por contemplar as mãos de Jesus consolando uma pessoa prestes a partir deste mundo. Antes de sair e chamar novamente os parentes que estavam no quarto, eu lhe disse:
"Hoje o Senhor Jesus a visitou, agradeça-O e não fique triste!" E "Considero-me uma cancerosa muito feliz, senhor padre!", respondeu. Fiquei impressionado com a resposta e ao perceber meu espanto, acrescentou: "Nunca fui tão feliz como depois do câncer! Sofri 37 anos um casamento marcado por traições e alcoolismo, meu marido era um homem derrotado pelo vício e pelo pecado. Orei muito pedindo ao Senhor que o livrasse daquela vida. Depois que descobri essa doença em mim, percebi que meu marido ficou tão comovido que algo mudou dentro dele. Há alguns dias ele me pediu perdão por toda dor que me causou, mas já há muito tempo percebo em seus gestos que minha doença curou a dele. Meu casamento foi restaurado! Aquela jovem que foi chamá-lo, senhor padre, era uma menina perturbada por uma depressão terrível. Vivia fechada em seu quarto, não saía nem para se alimentar e chegou a tentar o suicídio várias vezes. Quantas vezes chorei com o rosário na mão, implorando um milagre por esta filha. O milagre aconteceu! Depois que comecei o tratamento do câncer, essa filha se recuperou repentinamente e passou a acompanhar-me de exame em exame, de hospital em hospital. Quando me sentia abatida, era ela que me fazia sorrir com histórias alegres e o testemunho do seu amor. O milagre da minha filha aconteceu através do meu câncer. Por fim, meu filho mais velho, casado há 15 anos, estava para se separar da esposa. Ele, em crise de fé, queria abandonar a Igreja Católica e sua esposa não concordava. Fiquei arrasada porque mesmo apesar de ter sofrido tanto com meu esposo, nunca aceitei a ideia de separação. Para não desrespeitar o espaço deles, fiquei calada e apenas orei. O que minhas palavras não disseram o câncer falou. Já faz três meses que eles estão bem, e ambos vêm me visitar todos os dias; juntos rezamos o terço e meu filho renovou sua fé e respeito pela Igreja. O câncer veio na hora certa, na hora de restaurar minha família! Posso morrer em paz, pela bênção que o senhor me trouxe através dos sacramentos, e pela alegria de ver minha família restaurada por Deus através dos meus sofrimentos".
A Igreja, por intermédio de meu bispo, me ordenou sacerdote. O seminário me formou por meio de duas faculdades e pelo acompanhamento dos formadores. Mas foi uma moribunda num leito de hospital que me ajudou a entender um pouco mais o que é ser padre. Estou prestes a celebrar 10 anos de sacerdócio. Tenho vivido muitas experiências difíceis e algumas delas muito duras. Quando me sobrevém algo muito difícil, lembro-me daquela senhora cancerosa, a quem o Senhor chamou para a eternidade… Então compreendo que ser padre é também saber sofrer os reveses da vida para que outros tenham vida. Ser outro Cristo é aceitar o Calvário para que outros experimentem a Páscoa. Das muitas lições que ainda tenho de aprender, essa primeira me serviu para dar sentido a todo sacrifício que abracei para ver tanta gente feliz. Gente que aprendi a amar, olhando o amor de uma cancerosa que imitou Jesus.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

JUSTA HOMENAGEM

Nós não iremos esquecer o nosso querido apóstolo dos surdos, MONSENHOR VICENTE DE PAULO PENIDO BURNIER.
Muitos surdos não conheceram o padre Vicente, falecido no dia 16 de julho de 2009, Mémoria de Nossa Senhora do Carmo. O 1º sacerdote surdo do Brasil e o 2º da América Latina.
A família Penido Burnier, a sobrinha Maria Cândida, residente no Rio e, em contato com a pastoral dos surdos do Rio de Janeiro ofereceu um bonito poster com a foto do Monsenhor Vicente para que seja perpetuada a sua existência e seu apostolado aqui no meio de nós.
Enviaremos o poster a cada Coordenador Regional para que seja colocado numa moldura e fixado em destaque nos respectivos locais de encontros dos surdos. Tanto bem ele fez para todos nós e nunca o esqueceremos. A nossa eterna gratidão, dos surdos do Rio, pois durante décadas, padre Vicente saía de Juiz de Fora (MG) nos finais de semana para celebrar e estar conosco. Boas lembranças dos almoços, das palestras, das missas e dos batizados...
Nossa prece e nossos agradecimentos à família Burnier que gentilmente oferece às comunidades dos surdos do Brasil esta foto do Padre Vicente.





REGIONAL SUL 1 É ESCOLHIDO PARA SEDIAR OS ENAPAS/ENCICAT EM 2012.

Depois das duas cidades (Belo Horizonte e Porto Alegre) desisirem para sediar o 16º ENAPAS e o 6º ENCICAT em 2012, São Paulo - capital foi a eleita e aprovada pela assembleia reunida na cidade de Feira de Santana, nos dias 05 a 09 de janeiro de 2010.
O Coordenador do Regional Sul 1 (São Paulo) Laerte foi comunicado e os surdos paulistanos já se preparam para este grande evento da Pastoral dos Surdos.
A data já está definida - meados no mês de janeiro de 2012, como vem sendo feito desde 1998.
O tema para o o ENAPAS/ENCICAT é "JOVENS SURDOS - ser cristão transformador na sociedade".
A imagem São Francisco de Sales permanecerá na comunidade de Feira de Santana e no Regional Nordeste 3 (Bahia/Sergipe) para a visitação das residências dos surdos e dos intérpretes.
A coordenação local prepara um momento de evangelização e de oração para que a fé cristã seja aprofundada e vivida pelos surdos e seus familiares.
Este é um momento importante que a comunidade de surdos tem para acolher os novos surdos e uma momento de partilhar a Palavra de Deus.
A Bandeira oficial da pastoral dos surdos ficará na comunidade dos surdos de Feira de Santana.
Estes dois símbolos serão levados pelo Coordenador Regional do Nordeste 3 - Sr. Pablo para a cidade de São Paulo em 2012.